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Pontos que merecem sua atenção:
O problema de ter dinheiro no bolso é que ele relaxa a nossa atenção. E isso é o que mais acontece quando o mês fecha com saldo positivo, faz parecer que está tudo bem (quando na verdade não está).
Quando parece que está tudo bem, mas não está
Tem muito empresário que olha o extrato, vê que as contas foram pagas, sobrou um dinheiro na conta, talvez até investiu uma parte… e pensa: “está indo bem”. E pode mesmo estar indo. Mas tem uma diferença entre ir bem e estar no controle.
Na rotina, ele corre, resolve pepino, fecha venda, entrega o combinado. O caixa fecha no final do mês, mesmo que apertado. E a vida segue.
Mas esse equilíbrio é frágil. Ele funciona porque é o próprio empresário que segura as pontas. Quando dá um problema no cliente, é ele que conversa. Quando o fornecedor atrasa, é ele que remaneja. Quando a equipe trava, é ele que corre atrás. E isso vai virando parte da rotina.
O problema é quando a rotina muda.
Um mês com menos pedido, um imprevisto de saúde, uma oportunidade que exige fôlego financeiro… e aquela estrutura que parecia firme mostra que estava sendo sustentada no braço. Isso acontece muito com empresas que não estão mal, mas também não estão prontas para dar o próximo passo.
E tem uma diferença enorme entre sobreviver e estar pronto para crescer. A primeira dá conta do hoje. A segunda prepara o terreno para o amanhã.
A conta mental que engana mais do que ajuda
Bom, nesse serviço, “entrou 40 mil, paguei 25 mil, sobrou 15… então tá bom.”
Essa é a conta rápida, aquela que muita gente faz de cabeça no decorrer do mês para saber se lá no fim ele vai fechar com saldo positivo.
Funciona? Até certo ponto, sim.
Mas é uma conta que engana.
Porque ela não mostra onde o dinheiro realmente foi parar. Nem o que precisa melhorar. Nem o que está sendo deixado de lado para manter esse “sobrou 15” por serviço.
Nessa conta, ninguém considera:
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o tempo do próprio empresário (que trabalha o triplo e não coloca esse custo na conta);
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o valor que deveria ir para manutenção dos equipamentos, veículos, ferramentas;
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os impostos que vão bater na porta quando ele formalizar de vez o crescimento;
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o fôlego que seria preciso ter para passar por três meses fracos seguidos;
Ou seja: às vezes sobrou 15, mas era pra ter sobrado 5. Ou 25. E ele nem sabe.
A conta mental não mostra a verdade. Ela mostra o que o empresário quer acreditar, para seguir tocando a rotina sem travar.
E tudo bem fazer isso por um tempo. Mas é essa conta que faz muita empresa parecer lucrativa… até que precise provar isso de verdade.
Margem, giro e preço: os pontos que mais derrubam empresa boa
Tem empresa boa quebrando porque não enxerga onde está o problema.
Às vezes, entrega com qualidade, tem cliente fiel, tem demanda. Mas não cresce. Ou pior: trava. E, quando trava, começa a gerar dívida.
Nove em cada dez vezes, o problema está em algum desses três pontos:
1. Margem: o empresário sabe quanto vende. Mas não sabe quanto realmente sobra por venda.
Não por mês: por venda mesmo. Tem coisa sendo vendida a preço de custo, ou até abaixo. E isso vai diluindo o lucro sem ele ver.
2. Giro: tem mês em que entra bastante. Mas o dinheiro evapora.
Porque o prazo para pagar fornecedor é menor que o prazo para receber dos clientes. E a diferença vira déficit. Aí entra cartão pessoal, fiado, empréstimo… e o giro desanda.
3. Preço: muita empresa cobra olhando o concorrente. Ou o mercado. Mas o certo é olhar pra dentro primeiro.
Se você não sabe qual o mínimo que precisa cobrar para valer a pena, vai vender e se afundar ao mesmo tempo.
Organizar esses três pontos muda o jogo. Sem isso, qualquer crescimento vira problema.
Faturar sem base é criar patrimônio em areia fofa
Tem empresa que fatura bem, o dono investe em algo pro futuro, compra uma máquina nova, começa a montar uma reserva… e acha que está indo no caminho certo.
Mas está construindo em cima de um terreno solto.
Sabe aquelas empresas do setor industrial, que têm uma demanda constante, são bem vistas no mercado, entregam com qualidade, mas têm margens apertadas?
Pois é. Basta um mês mais fraco, ou um cliente importante que atrasa, e tudo desanda.
E não é porque a empresa é ruim. É porque a base não está pronta.
Faturar muito, mas com margem baixa, é como correr numa esteira: você sua, cansa, mas não sai do lugar. E se o fôlego acaba, você tropeça.
Se você já está investindo, excelente. Mas se sua empresa ainda depende do seu cartão pessoal pra fechar o mês, tem algo errado.
O que você está acumulando lá fora pode ser engolido lá dentro.
Empresas saudáveis dão lucro. E com lucro consistente, você constrói qualquer coisa em cima.
Mas sem base, tudo é risco disfarçado de crescimento.
O que sustenta o próximo passo
Nem todo faturamento (ou crescimento) é saudável, por mais contraintuitivo que isso possa parecer.
E o que sustenta o próximo passo não é o quanto entra, mas a base que sustenta tudo.
Fortalecer isso agora é o jeito mais seguro de continuar faturando, lucrando e no caminho certo.
Até a próxima,